Os aparelhos serão utilizados na premiação do concurso de redação sobre violência de gênero

Decisões do TJPR recebem prêmio do concurso do CNJ de Direitos Humanos

Legenda

DECISÕES DO TJPR RECEBEM PRÊMIO DO CONCURSO DO CNJ DE DIREITOS HUMANOS

Prêmio foi entregue, em Brasília, pelo vice-presidente do CNJ e STF, ministro Luiz Edson Fachin 

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ)  realizou, na terça-feira (12/08), a cerimônia de Premiação do Segundo Concurso Nacional de Decisões Judiciais e Acórdãos em Direitos Humanos. Duas decisões do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) ganharam o prêmio, que contou com 317 inscrições de sentenças de todo o país. O desembargador Eduardo Cambi foi premiado na categoria “Direitos das Pessoas Idosas” e a magistrada Ana Carolina Bartolamei Ramos, na categoria “Direitos das Pessoas Privadas de Liberdade”. O vice-presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Edson Fachin, destacou a importância da aplicação da Convenção Interamericana de Direitos Humanos nas decisões dos magistrados. "Este prêmio tem uma relevância singular para o sistema de Justiça no Brasil e para o sistema interamericano", ressaltou o ministro. 

Participaram também da premiação o corregedor-geral da Justiça do Trabalho e presidente eleito do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Vieira de Mello Filho; o conselheiro e supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas, José Rotondano; o vice-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), Rodrigo Mudrovitsch; a secretária-geral do CNJ, Adriana Cruz; e o juiz auxiliar da presidência do CNJ e coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas, Luís Lanfredi.  

Promoção dos direitos humanos 

"Verificou-se, nas decisões e acórdãos selecionados, uma firme vocação inspirada na proteção judicial e na promoção dos direitos humanos", ressaltou o conselheiro do CNJ, José Rotondano. "Esse prêmio representa o compromisso que vem se solidificando, a cada gestão, com a difusão e a concretização dos direitos humanos no nosso país", observou o vice-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), Rodrigo Mudrovitsch. "A ampliação das categorias de premiação é reflexo de uma preocupação ainda mais comprometida com as vulnerabilidades e a necessidade de especial proteção de diversos grupos", afirmou o corregedor-geral da Justiça do Trabalho e presidente eleito do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Vieira de Mello Filho. 

O concurso premiou 20 magistradas e magistrados que proferiram decisões judiciais ou acórdãos fundamentados na proteção e na promoção dos direitos humanos, com ênfase na observância dos tratados e convenções internacionais em vigor no Brasil, da jurisprudência da Corte IDH e das recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Dentre as categorias premiadas, destacam-se: direitos das crianças e dos adolescentes, direitos das pessoas privadas de liberdade, direitos das mulheres, direitos da população LGBTQIAPN+, direitos dos afrodescendentes e direitos dos povos indígenas. Puderam concorrer decisões judiciais e acórdãos proferidos no período entre 16 de fevereiro de 2022 e 16 de setembro de 2024. 

Direito da pessoa idosa e das pessoas privadas de liberdade 

No acórdão de relatoria do desembargador Eduardo Cambi, da 12ª Câmara Cível, os filhos pediam a interdição do pai idoso por um suposto vício em jogo de cartas, que comprometeria a sua situação financeira.  Como não foi comprovada a suposta prodigalidade e vício do pai, que apresentou narrativa clara e coerente ao ser interrogado, os desembargadores concluíram que seu comportamento não era de uma pessoa incapaz de gerir sua vida civil, isto é, que não teria adequada compreensão da vida e dos atos cotidianos das pessoas plenamente capacitadas. “Os idosos têm os mesmos direitos humanos que as demais pessoas, não se admitindo a discriminação, em razão da idade, com base em estereótipos e preconceitos, para que não se violem a dignidade e a igualdade inerente a todo ser humano”, explicou o desembargador.  

Na decisão premiada na categoria “Direitos das Pessoas Privadas de Liberdade”, a juíza Ana Carolina Bartolamei Ramos, da Vara de Execuções Penais, Medidas Alternativas e Corregedoria dos Presídios, destacou a necessidade do julgamento com perspectiva de gênero, seguindo a Resolução nº 492/2023 do CNJ, para uma mulher gestante que estava no Complexo Médico Penal. A decisão relata condições precárias e tratamento degradante, como a violência obstétrica sofrida pela sentenciada. “Conclui-se que qualquer gravidez na prisão é sempre uma gravidez de risco, tendo em vista que há um descaso do poder público com a população carcerária feminina”, apontou a magistrada, que deferiu o pedido de cômputo da pena em dobro, na forma de remição de pena.  

“Cadernos de Jurisprudência do STF: Concretizando Direitos Humanos”  

Durante a premiação foi lançado um caderno de jurisprudência do STF sobre o tema do direito ao cuidado. A publicação dos “Cadernos de Jurisprudência do STF: Concretizando Direitos Humanos” corresponde a uma das ações do Pacto Nacional do Judiciário pelos Direitos Humanos e objetiva difundir o perfil decisório do STF em matéria de direitos humanos, evidenciando o diálogo entre a Suprema Corte brasileira e o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. As publicações são organizadas pela Unidade de Monitoramento e Fiscalização das Decisões do Sistema Interamericano de Direitos Humanos do CNJ, em parceria com a Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas Jurídicas e Gestão da Informação do STF (SAE/STF), o Max Planck Institute for Comparative Public Law and International Law, a Rede ICCAL e a Secretaria de Comunicação Social (SCS) do CNJ.